Centro Histórico de São Luís (MA)


O centro histórico de São Luís, localizado na ilha de São Luís do Maranhão, na baía de São Marcos, é um exemplo excepcional de cidade colonial portuguesa adaptada às condições climáticas da América do Sul equatorial, e que tem conservado o tecido urbano harmoniosamente integrado ao ambiente que o cerca. A capital foi tombada pelo Iphan em 1974 e inscrita como Patrimônio Mundial em 6 dezembro de 1997.
Seu núcleo original, fundado pelos franceses em 1612, foi implantado na cabeça de um península formada na confluência dos rios Bacanga e Anil e caracteriza-se pela arquitetura civil de influência portuguesa, bastante homogênea. Sua construção acelerou-se no período de expansão urbana dos séculos XVIII e XIX, obedecendo ao traçado original do ano de 1615, projetado pelo engenheiro português Francisco Frias de Mesquita, após a expulsão dos franceses.
A posição geográfica, estratégica e favorável aos empreendimentos exploratórios do novo mundo, a força da natureza, a fertilidade das terras, abundância de águas e a excelência do clima equatorial foram elementos determinantes que despertaram a cobiça das nações europeias por estas terras em um momento histórico de expansão e conquista mundial. Nesse cenário urbano e arquitetônico prevalecem os vínculos entre os elementos materiais e imateriais, caracterizados pelo meio físico e a vivência cultural, que se manifestam em festas e folguedos como o bumba-meu-boi e o tambor de crioula.
Histórico


A região recebeu um assentamento português e espanhol, conhecido como Nossa Senhora de Nazaré, desde 1531. No entanto, a capitania do Maranhão na ilha de Trindade ficou abandonada até que em 1612, Daniel de la Touchev e François de Razily construíram um forte no local como parte da política de criação da “França Equinocial” no Brasil. O novo forte foi chamado Fort Saint-Louis em honra ao rei francês Louis XIII.
Os franceses foram bem recebidos pelas 27 tribos que viviam na ilha, mas por lá ficaram por apenas dois anos. O português Jerônomo Albuquerque os expulsou em 1615, após a batalha de Guaxenduba. No entanto, menos de três décadas depois, o Maranhão foi novamente atacado pelo poder colonial europeu. Emissários de Maurício de Nassau, da Holanda, tomaram posse da cidade em 1641 e lá ficaram até 1643, quando o espírito nativo se reafirmou. O movimento de resistência foi organizado pelo líder local, Muniz Barreto. Ele foi morto durante uma luta contra os invasores holandeses, mas seu sucessor, Teixeira de Melo, manteve a cidade até o retorno dos portugueses.
Já em 1615, quando os franceses haviam sido expulsos, um engenheiro militar, Francisco Frias de Mesquita, visitou São Luís para desenhar planos para as novas defesas do núcleo libertado. Além disso, ele preparou um plano urbanístico, que foi utilizado como guia para a sua expansão e desenvolvimento. O plano urbano teve como base a regularidade geométrica em contraste com o traçado medieval de ruas estreitas e sinuosas aplicado pelos portugueses no Rio de Janeiro, Recife e Olinda.
Pelo fim do século XVII, São Luis teve uma população com cerca de dez mil pessoas, número que aumentou para dezessete mil um século mais tarde. A economia da cidade passou por profundas transformações durante esse período devido a uma série de medidas tomadas pelo Marquês de Pombal, primeiro ministro do rei D. José I. A mais importante dessas medidas foi a introdução de escravos negros e a criação, em 1755, da Companhia Geral de Comércio do Grão Pará e do Maranhão. São Luís e Alcântara, os principais portos da região, foram integrados ao sistema mundial de comércio, exportando arroz, algodão e outros produtos regionais. A riqueza que se seguiu levou a um florescimento cultural em ambas cidades.
Como São Luís se desenvolveu nos séculos XVIII e XIX, as primeiras casas de adobe e palha foram substituídas por estruturas sólidas de pedra e cal, óleo de peixe, madeira e mármore trazido de Portugal. Particularidades adaptadas ao clima úmido tropical foram introduzidas, como as varandas de madeira. A utilização de azulejos para revestimento do exterior se tornou uma das características mais marcantes da arquitetura de São Luís.
Foi a primeira cidade dessa região do Brasil a instalar um sistema de bondes, a criar uma empresa de distribuição de água e de eletricidade, a iluminar as ruas com gás e a ter um sistema telefônico. Sua prosperidade aumentou com a criação de um número de companhias têxteis que deixaram a sua marca na forma de imponentes edifícios industriais.
No entanto, no século XX, assistiu a um longo período de estagnação econômica. A expansão caiu em declínio no fim da década de 1920 e a cidade naquele momento se caracterizou no que hoje é identificado como o centro histórico de São Luís. Esse foi, de fato, um fator importante para permitir que a cidade tenha se mantido com as sua estrutura e características históricas.
Patrimônio
O Centro Histórico de São Luís mantém o seu tecido urbano preservado com todos os elementos que o caracterizam e lhe conferem singularidade, expressos, especialmente, pelas técnicas construtivas utilizadas em adaptação às condições ambientais  e possuindo dimensões adequadas que lhe permitem transmitir a sua importância no contexto do processo de ocupação territorial da região.  

Por se tratar de uma cidade histórica viva, pela sua própria natureza, como capital do Estado do Maranhão, a cidade se expandiu, preservando a malha urbana do século XVII e seu conjunto arquitetônico original. O centro histórico de São Luís reúne cerca de quatro mil imóveis que, remanescentes dos séculos XVIII e XIX, possuem proteção estadual e federal. Entre as edificações mais significativas, estão o Palácio dos Leões, a Catedral (antiga Igreja dos Jesuítas), o Convento das Mercês, a Casa das Minas, o Teatro Artur Azevedo, a Casa das Tulhas, a Fábrica de Cânhamo, a Igreja do Carmo, entre outras. A arquitetura histórica de São Luís, por meio do aproveitamento máximo da sombra e da ventilação marítima, prima pela adequação ao clima.

Como podemos contribuir através da leitura, da escrita e da prática pedagógica para ampliar a consciência sobre o ensino em História nos discentes?




A leitura e a escrita são elementos essenciais para a compreensão da História, sendo que, não conseguimos imaginar a área de História sem atividades específicas de leitura e escrita

O compromisso do professor comprometido com a desmistificação das relações sociais torna-se premente a partir do momento em que o professor deve não só ter clareza teórica, mas entender a sala de aula como espaço que permite, favorece e estimula à presença da discussão, da pesquisa, do debate, de oficinas, de palestras, de atividades práticas, avaliação e enfim o enfrentamento de tudo que se constitui o ser, a existência, as evoluções, o dinamismo e a força da sociedade humana.



Portanto, as atividades de leitura e escrita associadas ao ensino de História devem possibilitar que o aluno elabore seu projeto social (escrever) a partir da análise de outros projetos (leitura do social). Fazer do aluno um agente histórico é ensiná-lo a reconhecer diferentes projetos sociais embutidos nas diferentes falas sociais, e ajudá-lo a construir a sua trajetória a partir desses referenciais.

O ambiente escolar bem estruturado e com os recursos necessários para o bom desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem pode ser estimulador do desenvolvimento crítico-reflexivo do aluno e do professor


Por :  Cristiano de Farias Gomes 


Os recursos de ensino são recursos humanos e materiais que o professor utiliza para auxiliar e facilitar a aprendizagem.

A sala de aula é um espaço concreto de “luta” extremamente importante, desde que se compreenda e acolha o educando, independentemente do quão diferente ele seja. A educação situa-se como possibilidade de ser um instrumento de mudança social e de transformação da realidade.

O professor necessita diversificar as estratégias, propor desafios, comparar, dirigir e estar atento à diversidade dos alunos, o que significa estabelecer uma interação direta com eles.

Há um conjunto de relações interativas necessárias para o bom desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem , que deduz uma série de funções dos professores.São algumas delas: Promover atividade mental auto-estruturante que permita estabelecer o máximo de relações como o novo conteúdo, atribuindo-lhe significado no maior grau possível e fomentando os processos de metacognição que lhe permitam assegurar o controle pessoal sobre os próprios conhecimentos e processos durante a aprendizagem; Estabelecer um ambiente e determinadas relações presididos pelo respeito mútuo e pelo sentimento de confiança, que promovam a auto-estima e o autoconceito; Promover canais de comunicação que regulem os processos de negociação, participação e construção;

Educar é possibilitar a conscientização e humanização, mediatizando aos alunos as condições para que se desenvolvam em todas as suas potencialidades. Assim o educando aparece como primeiro agente do processo educativo, em cooperação com os demais, sendo ativo, participante, reflexivo e crítico.


Dessa forma, é papel da escola, dos professores e alunos, então, discutir, analisar e refletir sobre as práticas atuais de ensino, para que se perceba, afinal, que o conhecimento é algo construído por meio de trocas sociais .


INDIANA JONES MORREU NO BRASIL

Henry Walton, conhece? E Indiana? Ou que tal Indiana Jones, agora sim!
Quem nunca viu o nosso professor de arquelogia, mais aventureiro da sessão da tarde, ícone do cinema, seu chapéu e seu chicote, são reconhecidos de imediato por quase todos, até mesmo a trilha sonora, tãm tã rã tãm, tãm tam tam (vc leu contando que eu escutei), e se eu te disser que o personagem base morreu no Brasil, você acredita?
indiana-jonesBom, todos sabemos que Indy não é brasileiro e sim americano, o carismático personagem interpretado por Harisson Ford,e criado na incrível parceria de  Steven Spielberg George Lucas, é inspirado nas história do arqueólogo britânico e historiador Coronel Percy Fawcett, que desapareceu junto com sua equipe, em 1925, de forma até hoje desconhecida, em uma expedição que tentava encontrar registros, ou até mesmo uma civilização perdida, na Serra do Roncador, aqui em terras tupiniquins;
Fawcett era um workhalic, de dar inveja a maioria dos SEO´s de hoje, em 1906, por referencias da Royal Geographical Society, foi contratado pelo governo boliviano para traçar os limites com o Peru, pasmem, ele realizou o serviço em apenasseis meses, e após esse trabalho feito na unha, inimaginável de ser realizado manualmente, sem o auxilio de satélites ou GPS, em 1908, decidiu por livre e espontânea vontade, traçar também os limites da Bolívia com o Brasil, já que o seu mapa-mundo estava incompleto, passou 18 meses embrenhado na mata, e desbravou a região inóspita.
percy_fawcett_brasil_2A foto a esquerda, registra nosso coronel desbravador, ao lado de sua crew, ele é o bigodudo sem chapéu isolado na canto direito da imagem!
Fawcett, se tornou celebridade, após concretizar tamanha proeza, ao voltar para casa, foi condecorado pela Coroa britânica pelo feito, recebeu todo o prestigio e carinho da comunidade cientifica, seu trabalho rendera muitos frutos, tanta na geografia e cartografia, quanto na biologia, ele encontrou alguns bichos que não haviam sido catalogados, animais que vão desde uma cobra Surucucu, a aranhaApazauca, a famigerada Anaconda.
O Coronel, se tornou a maior autoridade viva sobre o local, o homem que venceu a floresta amazônica “The Green Hell” , porém, não era só aqui que ele realizava expedições, na verdade terras exploradas por ele também foram, Marrocos  e Ceifão, que hoje é conhecido por Sri Lanka.
Segundo conta a história, a convite de seu irmão mais velho, Edward, ingressou em uma sociedade secreta, a Sociedade Teosófica, e com o tempo, começou a ter intimidades com a russa conhecida como Madame Blavatsky, umas das fundadoras da sociedade.
Madame Blavatsky, era conhecida por contar histórias de antigas civilizações, cidades cheias de ouro, animais pré-históricos, seres mais evoluídos que descendiam diretamente da linhagem de Atlântida. Em anotações de Fawcett mais tarde, foi encontrado relatos dele se encontrando com um Diplodocus.
Fawcett, reconheceu ali, um padrão, apesar de perder toda a moral que havia ganho com a sociedade cientifica, ele assumiu as histórias contadas pela russa como reais, e relembrou que em viagens para o Sri Lanka, e expedições amazônicas, foi possível detectar sinais de similaridade nos manuscritos locais, como os brasucas eram mais recentes, ele passou a acreditar, os descendentes de Atlântida, migraram para o Brasil, sua certeza de que o local era aqui, começou a aparecer quando, através de uma estatueta que ganhou de seu amigo e escritor Rider Haggard, autor do clássico As minas do rei Salomão, e com o apoio de um vidente,  para que este pudesse lhe dizer mais informações sobre a estatueta, o vidente não só disse como garantiu, “essa porra é Athanasius_Kircher's_Atlantisbrasileira!” disse que o objeto pertencera a uma antiga civilização destruída pelo mar. Atlântida, amigos, sim, a lendária Atlântida!!
Para quem não se ligou até onde a história esta indo, o quão louco esta este roteiro da vida real, o vidente fez o Coronel ter certeza, que havia um povo evoluído na terra, que foi esta a civilização, quem semeou todas as linguagens terrestres, por isso a similaridade entre todos os símbolos tribais, nada de teoria dos antigos astronautas, até ai a lenda é lenda, é poética, é bonita, o problema é que o vidente fez Fawcett não ter dúvidas, o mítico reino perdido de Atlântida, esta no Brasil em fucking MINAS GERAIS! Decidido a encontrar este local ele rumou para uma nova expedição, para encontrar esta civilização, que o ele batizou de apenas ‘Z’
Em 1925, a última expedição do coronel Fawcett, juntamente com seu filho mais velho, disposto a encontrar, ruínas da civilização antiga e também, porque não, ouro, rumaram para o Parque Nacional Indígena do Xingu, em Mato Grosso, onde não se teve mais registros sobre ele.
São várias as versões que explicam o desaparecimento do explorador, algumas até um tanto fantásticas. Uma reportagem publicada no jornal Folha da Noite, em abril de 1937, trazia relato de um caçador suíço chamado Stephan Rattin. Ele dizia que encontrou Fawcett prisioneiro dos “índios morcegos”, no interior do Mato Grosso.
De acordo com o sertanista Orlando Villas Bôas, o coronel inglês foi morto por Kuikuros. “Os índios me contaram que mataram o sujeito que batia no peito e dizia ‘miguelesi’, ou seja, ‘mim inglês’”, conta Orlando. Segundo ele, o explorador foi morto a bordunadas (uma espécie de tacape) por pais de dois curumins que Fawcett havia maltratado. Uma suposta ossada do britânico foi encontrada pelo sertanista, porém, a família dele se recusou a fazer o exame de DNA.

Fato é que, provavelmente nunca iremos descobrir o que ouve.
9788560302178
Conforme relatos disponíveis no livro “O enigma do Coronel Fawcett – O verdadeiro Indiana Jones” escrito pelo jornalista brasileiro Hermes Leal, e publicado pela editora Geração Editorial-Ediouro, o coronel, “com seu inseparável chapéu Stetson, uniforme cáqui e botas longas, chegou em San Matias montado em um cavalo, seguido por uma trupe de conquistadores dispostos a enfrentar desde um exército de índios a um enxame de abelhas”.

Reconhece o visual??? Só faltou o chicote e o revólver!





Historiadores encontram ‘Mestre Yoda’ em livro do século 14 sobre monstros






Se você acha que os ufólogos são caras meio pirados das idéias, um carinha que veio de uma galáxia tão, tão distante pode ajudar a corroborar tudo o que eles pensam e ainda agradar aos fãs de Star Wars que acreditam que toda a história dos filmes não pode ter sido inventada e que de fato ela existiu. Tudo isso porque historiadores encontraram um ser que lembra e muito o Mestre Yoda, aquele baixinho verdinho que é o Grão Mestre Jedi.
Quando Damien Kempf e sua colega Maria L. Gilbert estavam fazendo pesquisas para seu livro Medieval Monsters (ainda sem tradução para o português), eles deram de cara com uma ilustração de rodapé que era idêntica ao Yoda. “Quando me deparei com esse monstro, eu realmente não podia acreditar! É um manuscrito que foi produzido há 700 anos”,  disse Kempf  à BBC Radio. 
Enquanto isso, o curador do blog da Biblioteca Britânica – que possui o exemplar estudado pelos historiadores –  quer jogar uma balde de água fria nos amantes de Star Wars. “Eu adoraria dizer que ele realmente é o Yoda, ou que foi feita por um viajante do tempo medieval. Na verdade, é uma ilustração para a história bíblica de Sansão – o artista tinha claramente uma imaginação fértil”, disse Julian Harrison.
Boa tentativa, Julian. Boa tentativa.
yoda novo


 

Danças Primitivas




A dança acompanha o homem desde os povos primitivos. Uma prova disso são os registros de dança nas artes rupestres encontradas nos sítios arqueológicos espalhados pelo mundo.
Nas eras Paleolítica e Mesolítica (9000 e 8000 a.C) a dança estava diretamente relacionada à sobrevivência. A dança ocorria em rituais com o intuito de impedir eventos naturais que poderiam prejudicar as colheitas, caça e pesca. Em cavernas onde encontram-se as artes rupestres há muitos desenhos de pessoas em roda, dançando em volta de animais, correndo e saltando imitando o movimento desses animais.


No período Neolítico (6500 a.C), o homem deixa de ser nômade e fixa residência em um local determinado. Por este motivo os rituais e oferendas em forma de dança passam a ter um sentido de gratidão e de festejar a terra e o preparo para o plantio, celebrando a colheita e a fertilidade do rebanho.



Uma estrela na linhagem humana: a descoberta do Homo naledi

Homo naledi
Pesquisadores reproduziram feições do Homo naledi com base nos fósseis encontrados
Na-le-dí. "A palavra se desenrola de um jeito bom da língua", diz o geólogo Paul Dirks, com a paixão digna de um romance. Significa estrela, no africano sesotho. O batismo faz alusão à caverna Estrela Nascente, no Berço da Humanidade, famoso sítio arqueológico da África do Sul a cerca de 50 quilômetros de Joanesburgo. A região ganhou esse nome porque existem cada vez mais indícios de que, ali, viveu boa parte dos nossos ancestrais. Há vários registros da passagem de hominídeos por lá, desde a metade do século 20. Em setembro, ficamos sabendo que o Homo naledi foi um deles. A nova espécie acaba de entrar para o clube do gênero humano, ao qual nós, sapiens, também pertencemos. Só que com o privilégio de sermos os únicos viventes nestes tempos. Pelo menos por enquanto.
Paul Dirks, da Universidade James Cook, foi o responsável por fazer o mapeamento geológico da caverna e, especialmente, da Câmara das Estrelas (Dinaledi Chamber), local exato onde o novo hominídeo foi encontrado. Foram coletados cerca de 1.550 ossos do Homo naledi. Crânios, costelas, vértebras, dentes. Esse número foi suficiente para reconstruir o esqueleto de pelo menos 15 indivíduos; e contando, porque o potencial das escavações na câmara está longe de ser esgotado.
Um mapa geológico funciona como uma certidão de evolução, onde são catalogadas todas as rochas e os sedimentos ali presentes. E é a partir desse mapa que nascem as hipóteses de como os hominídeos foram parar naquele local - um dos maiores mistérios a serem desvendados. "Precisamos explicar por que tantos indivíduos naledi entraram nessa câmara isolada e distante, por uma rota difícil, no escuro. E eles entraram inteiros. Não há evidências de traumas, canibalismo ou do ataque de carnívoros", conta Dirks. "Os sedimentos da câmara são distintos dos do resto da caverna, então eles não foram carregados pela água até ali. Também não há evidências de habitação."
Até agora, existem apenas possibilidades. Uma opção é que os naledi tenham ido até ali para depositar seus mortos. Outra é que eles tenham sido levados até lá e tenham acabado presos numa emboscada. Um jeito de testar essas possibilidades é avaliar a idade dos indivíduos. Se o que aconteceu foi uma morte em massa, por eles terem ficado presos, é mais provável que tenham todos idades semelhantes. Se a câmara funcionava como cemitério, podem existir também idosos e crianças.
Homo naledi fósseisRobert Clark/ National Geographic (outubro de 2015). Imagem registrada no Evolutionary Studies Institute, sob orientação de Lee Berger, Wits. A National Geographic apoia as pesquisa sobre o Homo naledi.
Esqueleto do Homo naledi cercado por vários outros fósseis também encontrados.
O problema é que isso envolve outro mistério: ainda não é possível precisar a idade de ninguém, nem há quantos milhares (ou milhões) de anos eles viveram. "Nós vamos ter que voltar para a caverna para recolher mais material para datação. O material que temos não é ósseo, são sedimentos", afirmou o geólogo. Fazer a datação é absolutamente urgente e, para isso, é necessário recolher substâncias radioativas, como o urânio. Com elas, é possível determinar a idade do material (do mesmo jeito que acontece com o carbono 14, presente nos ossos, mas que só é confiável para amostras de até 70 mil anos).
Toda coleta dos fósseis é liderada pelo paleoantropólogo Lee Berger, da Universidade de Witwatersrand (Wits), na África do Sul. Ele foi quem organizou a expedição para a caverna, após ser informado por dois escavadores amadores que existiam fósseis de hominídeos ali, em 2013. A equipe que Berger reuniu tem cerca de 60 pesquisadores, sem contar os estudantes que ajudam nas pesquisas. Apesar do time robusto, a missão de desbravar o território só poderia ser realizada por pessoas muito específicas, e isso não teve a ver só com competência. A passagem para a Câmara das Estrelas é tão absurdamente estreita que só um corpo muito esbelto consegue alcançá-la. Berger, então, decidiu lançar uma campanha no mínimo bizarra no Facebook: "procura-se pesquisadores magros". E foram as seis mulheres selecionadas, todas altamente qualificadas e com experiência em escavação, que deram à luz o Homo naledi.

Primitivo e moderno

Quando essas pesquisadoras entraram na câmara, as ossadas não estavam nem ao menos escondidas. Vários fósseis estavam ali, na superfície, inclusive de partes importantes para identificar uma espécie, como uma mandíbula com dentes e parte de um crânio. "Foram os primeiros fragmentos ?espetaculares? recuperados", lembra Dirks. Naquele momento, ainda não podiam dizer com o que estavam lidando, mas já sabiam que era algo especial e completamente novo.
Tudo era muito surpreendente até mesmo para Berger, que trabalha com escavações desde o início dos anos 1990 e já registrou outra espécie de hominídeo: o Australopithecus sediba, que viveu há 1,9 milhão de anos. Ele era um parente distante da Lucy, de 3,2 milhões de anos, que foi a primeira integrante encontrada do gênero. O primeiro fóssil sediba foi achado pelo filho de Berger, durante uma exploração com o pai, em 2008. Ele não acreditou quando viu o menino de 9 anos com uma clavícula de hominídeo nas mãos.
Desde então, o paleoantropólogo tem deixado a comunidade acadêmica, digamos, desconfortável. O próprio sediba já era um bom candidato à transição do Australopithecus africanus para o Homo habilis, o primeiro "homem hábil", mas de feições bem primitivas. O artigo de Berger, publicado em 2010, garantiu ao novato vários desafetos, enciumados pela descoberta. Agora, meros cinco anos depois, ele reaparece com outro exemplar em mãos - desta vez, um pertencente à nossa árvore familiar.
Polêmicas não têm faltado. O Homo naledi é ambíguo. As mãos e os pés mostram semelhanças importantes com os homens modernos, enquanto o tamanho do cérebro é pequeno e o rosto, primitivo como os dos primeiros ancestrais. Mas o formato dos dedos deixa claro que ele era um usuário de ferramentas. E é essa a principal característica que separa o gênero Homo dos australopitecos: a capacidade de produzir instrumentos que facilitem a vida.
  
"Possivelmente, em algum momento,

será necessário dividir o gênero Homo em algo novo "

Brian Richmond, PhD em evolução humana
         
Essa ambiguidade tem feito pesquisadores questionarem os critérios de classificação das espécies. "Ele pertence ao Homo, sim, pelo menos tal como o gênero está definido. Alguns estudiosos acreditam que a linha que separa os Homo e os Australopithecus foi esticada demais", aponta Brian Richmond, PhD em evolução humana e curador do Museu de História Natural de Nova York. "Possivelmente, em algum momento, será necessário dividir o gênero Homo em algo novo", pondera. O antropólogo Jeffrey Schwartz, da Universidade de Pittsburgh, é mais radical: ele defende que a taxonomia atual seja jogada fora e que se refaça a linhagem humana do zero.
Mas com que critério? "A resposta vale milhões de dólares", salienta. "Muitas espécies foram aglomeradas no gênero [Homo gautengensis, ergaster, antecessor...] e chegamos ao ponto em que nada une todos eles. Então, eu defendo definirmos bem o Homo sapiens e, em seguida, ampliar as comparações com outros espécimes, esquecendo do que eles têm sido chamados, para ver as semelhanças que emergem naturalmente", defende Schwartz. Isso porque ele acredita que segregar os hominídeos de acordo com quem tem ou não a habilidade de confeccionar ferramentas é um tanto elitista. "Isso se baseia na noção de que nós, Homo sapiens, somos tão únicos que só aqueles dotados dessa inteligência merecem estar conosco no mesmo gênero."
Fora isso, já existem evidências de que primatas muito mais antigos que os nossos ancestrais também tenham tido essa habilidade. Ferramentas manufaturadas descobertas em 2014, na África Oriental, foram datadas com 3,3 milhões de anos - 700 mil anos mais velhas do que as ferramentas mais antigas que conhecíamos. "Isso significa que diferentes gêneros também fizeram ferramentas. Essa é, certamente, uma forma mais razoável de ver nossos parentes distantes."
O geólogo Paul Dirks argumenta, no entanto, que a classificação doHomo naledi não foi aleatória e é compatível com a literatura formal. "Nós fizemos um workshop com um número muito grande de pesquisadores. Decidimos coletivamente classificá-lo como Homo e isso nem ao menos foi levantado como um ponto sério a ser discutido ao longo do processo", lembra. "Agora que é público, não é surpresa que o debate sobre taxonomia se reacenda". Ainda mais se lembrarmos que, dependendo do membro avaliado, ele pode lembrar mais um australopiteco mesmo. Mas, como o tamanho do cérebro não é o critério (apesar de já ter sido), não vale a pena perder tempo nessa discussão. Berger e seu time estão focados nos próximos passos: retomar as escavações, datar os fósseis e, enfim, poder dar um pouco mais de humanidade para o Homo naledi, que já tem nome, sobrenome e está só à espera de alguém que consiga retirar da terra a sua história.
 

Linha evolutiva 

Ainda não é possível precisar em que época o Homo naledi viveu. Porém, sua anatomia revela evolução intermediária entre os australopitecos e o Homo erectus, ancestral que começa a se aproximar mais dos humanos modernos.
 
Australopithecus
Espécies viveram entre 3,9 e 2,5 milhões de anos atrás
 
Homo naledi
Idade ainda não definida
 
Homo erectus
Viveu entre 1,8 milhão e 300 mil anos atrás


POR Camila Almeida EDITADO POR Alexandre Versignassi
Edição 352  / outubro de 2015  Fonte 
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